quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

10 de Janeiro


Chegada da Doutrina dos Espíritos

Zulfikar MaKahardec (ou Makerdekk) forçou a entrada pela Fronteira Sudoeste em 1886, em uma da poucas datas precisas de Amhitar. Para um santo homem, era diferente – não trazia nenhum vestígio de aura em torno da cabeça, cuspia com frequência constrangedora e seu cabelo à escovinha lhe dava um ar banal.

Seu sucesso (com algum exagero esse substantivo lhe pode ser concedido) se deveu à sua estranha doutrina de que quem está, está, esteve e estará. Como, lhe diziam. De outras formas, ele respondia. Quem fui eu – perguntava-lhe uma adolescente – um assassino – dizia ele – que afundou facas em barrigas de três homens para lhes seviciar as filhas. E eu quem fui – perguntou um dos Sábios – uma prostituta que atendia pelo menos onze clientes por dia.

Tais repostas não lhe deixaram de trazer inimigos, que afirmaram que ele não passava de charlatão que repetia uma doutrina estrangeira. O fato de Zulfikar no dialeto do Sudoeste significar enganador, e Ma  significar só um artigo indefinido, deixava apenas o nome Kahardec, muito semelhante ao do homem distante que falava de espíritos.

Desmoralizada, a doutrina de  MaKahardec não sobreviveu ao seu fundador. Teve sucesso apenas entre alguns oficiais do exército, que raciocinaram que, já que a morte nunca era definitiva, não havia problemas em se matar alguém por motivos políticos, desde que justos. E fundaram a Mão Negra, sociedade matadora conhecida pelo apelido de Oficiais do Capuz Negro.

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