terça-feira, 22 de janeiro de 2013

22 de Janeiro

A batalha que não era


O quase-menino Khazimoor nos seis relatos do Livro dos Distantes nos quais é citado aparece magro como papel, sorridente até para os ratos e meio-herói. Nem sempre o foi. Os generais o declararam covarde e gastador das energias do povo com bobagens.

De acordo com o terceiro dos relatos, foi no dia 20 do segundo mês de Jumada (22 de janeiro) que ele juntou bastante resina da erva Zhimmhir e fez uma esfera. Com grande risco de surra ou vida jogou na cara do primeiro que encontrou na praça. O homem já tirava a adaga quando Khazimoor pediu a vingança, que ele jogasse de volta. E logo um grupo jogava a esfera nas caras uns dos outros, e riam. E no dia seguinte outro grupo, maior pelas dúzias. E no outro, mais ainda.

O Conselho das Armas berrou que os homens tinham de furar barrigas com espadas e não jogar bolas na cara alheia. Proibidas essas brincadeiras tolas e açoitados três ou quatro de seus praticantes, ainda assim elas continuaram. O aperfeiçoamento de substituir as boladas na cara por um aro através do qual a bola passaria e a organização dos jogadores em dois bandos cabe, no entanto, a seguidores do rapaz, que passaram a preferir essas guerras de passar bolas por aros às guerras de verdade.

No século XX a delegação da então União Soviética pretendeu que Khazimoor fosse declarado Inventor do Futebol, do Basquete e do Esporte em Geral mas a terceira assembleia geral da UNESCO, liderada pelos Estados Unidos, rejeitou a moção.

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