O quase-menino Khazimoor nos seis relatos do Livro dos Distantes nos quais é citado aparece
magro como papel, sorridente até para os ratos e meio-herói. Nem sempre o foi. Os
generais o declararam covarde e gastador
das energias do povo com bobagens.
De acordo com o terceiro dos relatos, foi no dia 20 do
segundo mês de Jumada (22 de janeiro) que ele juntou bastante resina da erva Zhimmhir e fez uma esfera. Com grande risco
de surra ou vida jogou na cara do primeiro que encontrou na praça. O homem já
tirava a adaga quando Khazimoor pediu a vingança, que ele jogasse de volta. E
logo um grupo jogava a esfera nas caras uns dos outros, e riam. E no dia
seguinte outro grupo, maior pelas dúzias. E no outro, mais ainda.
O Conselho das Armas berrou que os homens tinham de furar
barrigas com espadas e não jogar bolas na cara alheia. Proibidas essas brincadeiras
tolas e açoitados três ou quatro de seus praticantes, ainda assim elas
continuaram. O aperfeiçoamento de substituir as boladas na cara por um aro através
do qual a bola passaria e a organização dos jogadores em dois bandos cabe, no
entanto, a seguidores do rapaz, que passaram a preferir essas guerras de passar
bolas por aros às guerras de verdade.
No século XX a delegação da então União Soviética pretendeu
que Khazimoor fosse declarado Inventor do
Futebol, do Basquete e do Esporte em Geral mas a terceira assembleia geral
da UNESCO, liderada pelos Estados Unidos, rejeitou a moção.
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