quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

30 de Janeiro

A Invasão dos Inimigos Primordiais


Vieram e deixaram pilhas de estupros, cadáveres e tripas e fugiram para o Norte. Ocorreu na data de hoje [27 de Rabi da Hégira, ou 9 de Kheomirxx no calendário Khazyr], há cerca de treze séculos, com uma variância de sete dias para mais ou para menos – essa é a história oficial.

A história oficiosa [talvez tão irreal quanto a primeira] narra que os inimigos [ou seus desenhos] variaram como o vento – no começo tinham três chifres [o terceiro no meio da testa nunca tendo sido satisfatoriamente explicado], depois se tornaram algo parecidos com humanos, apesar do chapéu de metal de asas pontudas de quatro braças. A história da fuga também é questionável – apesar de se dizer que nunca desapareceram, não há testemunhos minimente seguros da existência de tais inimigos nos últimos onze séculos. Quanto ao massacre, um cemitério venerado como portador dos ossos das vítimas, escavado, só produziu areia.

A invasão primordial possibilitou o gasto de muitas moedas para construir muros, fossos e torres de vigia contra esses terríveis, que sempre estavam nas montanhas que às vezes se viam, às vezes não, muito ao longe. Oficiais eram condecorados por impedir que o inimigo tivesse coragem de dar as caras e empreiteiros sempre atendidos em suas advertências de que as muralhas precisavam de reforço. Geralmente eram eles que mandavam contar dos horrores do massacre, e como era necessário manter-se vigilante para que nunca mais acontecessem.

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