Dasha Ulugbek [dizem] começou suas três voltas ao redor do
Globo [um evidente exagero, denunciado mais tarde pelo geógrafo soviético
Serguei Kovinev] no dia de hoje, no ano [calendário herético] de 1138. Dizem as
seis lendas [eram mais, porém a sétima foi considerada subversiva pelo governo do
General Chavkat e queimada] que o jovem [doze ou treze anos] Dasha Ulugbek deu
o seu primeiro passo e topou com um velho de rugas de canyon e perguntou onde
era certa aldeia [há 99 versões do seu nome, todas inconfiáveis].
A resposta Harruzsmachir-Kaj-Bakashtimoor
desafiou linguistas até o século XIX. Significa:
- Você não poderá
chegar lá, daqui.
Ulugbek apenas colocou o primeiro pé adiante do segundo e se
deslocou. E pôs o segundo à frente do primeiro, e se deslocou mais. Concluiu
que esta era a essência do caminhar: os pés um após o outro, o outro após o um.
Cabeça vazia, nada além do puro ir. E descansar sob uma árvore e fugir de bois
e pedir comida e levar surras e sobreviver às surras. Perguntava da aldeia.
Respondiam:
- Você não poderá
chegar lá, daqui.
E ele colocava o primeiro pé adiante do segundo.
Trinta ou Trezentos anos depois [as versões variam
ridiculamente] um velho chegou. Disse que era Dasha Ulugbek, e que o mundo não
era infinito e dera voltas a ele. Consideraram-no fantasma. Ou farsa. A Escola Soviética
de Geografia, inimiga dos sobrenaturais, apoiou a segunda opinião. Nunca se
soube da aldeia - não na versão oficial.
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