sábado, 6 de abril de 2013

06 de Abril

A Fundação da Academia


Serguei depois confessaria em suas Memórias que, ao subir à Tribuna [discurso à mão naquele 6 de abril de 1933] duvidou da existência do futuro. Não se tratava ­­­ - diz na página 99 – de medo de desaparecimento individual ou de cataclismo que engolfasse o último homem. Mas de que algo além daquele momento viesse a existir ou tivesse existido.

O Partido fundava a Academia Soviético-Proletária da Ásia Central no rastro do fechamento da Academia de Ciências de Amhitar a 25 de fevereiro, esta criada seis décadas antes pelo lendário [e romântico] historiador Dilafruz Michelet e acusada [como seu fundador] de romantismo [além de decadência intimista e burguesa].

O Soviete Supremo chamou o geógrafo Serguei Mikhailovitch Kovinev [espichado, cara chupada e barbicha] para presidir a nova agremiação. Neto do médico Alexander Kovinev, Serguei herdou do avô uma intensa fé no ateísmo [ao ponto de ter sido flagrado duas vezes de joelhos e mãos postas orando para o deus inexistente – embora o testemunho não seja incontroverso].

Igualmente conhecida era sua fé no futuro. Curiosamente, na frente do Comitê Central e do Comando Regional do Exército Vermelho e da Confederação dos Sindicatos tal convicção fraquejou. Dúvidas como essa fizeram com que suas Confissões por motivos políticos fossem restritas a uma tiragem de 777 exemplares, o mais barato deles hoje valendo dez mil rublos nos sebos de Moscou.

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