segunda-feira, 22 de abril de 2013

22 de Abril

O embaraço dos santos


As escavações que o SemiSultão Dhoxrux ordenou na santa cidadela de Moynaq deram em fracasso – Como tudo no reino do SemiSultão  [Dilafruz Michelet pronunciou tal frase não carente de veneno.]

Não um fracasso no sentido clássico. O trabalho arqueológico escavocou sete séculos de poeira e debaixo dela tijolos e arcos de pedra se materializaram. Os responsáveis convidaram o potentado [seu harém e suas liteiras] para a [quase re] inauguração.

Já se pusera a caminho quando os responsáveis gelaram: nem luxuosos palácios nem pios mosteiros, suas escavações revelavam um conjunto de esgotos [ligados por encanamentos de chumbo a sete latrinas, estas admiravelmente preservadas].

Dez séculos de admiração popular construíram Moynaq como uma cidade de santos, cujo abandono não se deveu a guerra ou avanço do deserto mas a que todos os seus imortais componentes subiram ao Céu. A descoberta ameaçava se não a veracidade ao menos a nobreza de tais crenças.

Os escavadores temeram a prisão ou o cutelo, e mais de um fugiu espavorido no deserto.

O SemiSultão porém no dia marcado [de hoje em 1863] preferiu refrescar-se em sua tenda listrada com treze de suas concubinas, e pouca atenção prestou à arqueologia. Restou o debate teológico, se santos imortais também fazem dejetos, e se continuam a fazê-los no Céu. Este ainda não chegou a termo.

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