terça-feira, 16 de abril de 2013

16 de Abril

Dentes do deus


A pobre Teologia de Amhitar teve sua origem no dia 14 de Shawwal [16 de abril dos hereges] do ano 5.771 ou 5.769 A.C. [as duas versões possuem ardentes partidários] quando o monstro Bhakhimaar mordeu a metade boa do mundo e a levou para si [a má ele deixou, o que explicaria as guerras, a gripe e as traças na roupa].

Pobre porque, em vez de se concentrar nos dilemas da existência que atormentam todas as religiões, os teólogos amhitarianos preferiram discutir quantos dentes possuía Bhakhimaar. [A questão óbvia da possibilidade de um ser vivo do tamanho do planeta, monstro ou não, curiosamente foi esquecida]. Não se trata de um problema de época – essa discussão nasceu e renasceu em noventa e sete tempos diferentes [a estimativa consta de uma pesquisa da Universidade (traidora) de Tashkent feita em 1981].

Nessa secular [e não exatamente útil] discussão pululam os números mágicos, três, sete, nove. Uma corrente [compreensivelmente conhecida por Os Radicais Noveistas] sustenta que se trata de uma dízima periódica e indefinida [mas não fracionária] de números nove. Assim, Bhakhimaar rasgou o mundo com seus 9999999... dentes. Criticados por um missionário jesuíta, os Noveístas [diz a lenda] responderam que tão tolo quanto contar dentes de um monstro é provar que Deus uno é na verdade três sem ser três deuses, e silenciaram o jesuíta. Essa história, embora espirituosa,  não é corroborada por fontes independentes.

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