A pobre Teologia de Amhitar teve
sua origem no dia 14 de Shawwal [16 de abril dos hereges] do ano 5.771 ou 5.769
A.C. [as duas versões possuem ardentes partidários] quando o monstro Bhakhimaar
mordeu a metade boa do mundo e a levou para si [a má ele deixou, o que
explicaria as guerras, a gripe e as traças na roupa].
Pobre porque, em vez de se concentrar
nos dilemas da existência que atormentam todas as religiões, os teólogos
amhitarianos preferiram discutir quantos dentes possuía Bhakhimaar. [A questão óbvia
da possibilidade de um ser vivo do tamanho do planeta, monstro ou não, curiosamente
foi esquecida]. Não se trata de um problema de época – essa discussão nasceu e
renasceu em noventa e sete tempos diferentes [a estimativa consta de uma pesquisa
da Universidade (traidora) de Tashkent feita em 1981].
Nessa secular [e não exatamente útil]
discussão pululam os números mágicos, três, sete, nove. Uma corrente
[compreensivelmente conhecida por Os
Radicais Noveistas] sustenta que se trata de uma dízima periódica e
indefinida [mas não fracionária] de números nove. Assim, Bhakhimaar rasgou o
mundo com seus 9999999... dentes. Criticados por um missionário jesuíta, os
Noveístas [diz a lenda] responderam que tão tolo quanto contar dentes de um
monstro é provar que Deus uno é na verdade três sem ser três deuses, e
silenciaram o jesuíta. Essa história, embora espirituosa, não é corroborada por fontes independentes.
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