Donyhor al-Temurbek [dizem]
morreu 999 vezes e nasceu 1.007. [Esta superávit de vidas não deixou de
ocasionar seus bate-bocas teológicos]. O maior dos heróis da história de Amhitar
nada tem a ver com reecarnacionismos, nem suas múltiplas e assim chamadas vidas
podem ser [che-guevariamente] consideradas manifestações de avatares do
proletariado, os quais, sempre vencidos, são substituídos por outros até a
final vitória.
Documentos [desde pedaços de
argila até modernas certidões de nascimento] atestam a vinda ao mundo de um
garoto com esse nome [sendo que treze indícios (perseguidíssimos pelos governos
amhitarianos de todas das tendências) afirmam ser ele na verdade uma mulher]. Lendas
[e inscrições em portais de cidades perdidas] contam em gloriosas tintas suas
lutas contra o invasor Átila [ou Genghis Khan; ou Napoleão; ou os Xeques Turkhmans;
ou mesmo Alexandre o Grande] e sempre culminam com sua vitória [ou seu sacrifício
em palavras tão grandiloquentes, que vale como vitória futura].
Todas essas evidências são, em
certo sentido, incontestáveis. Tão meigas e ao mesmo tão cheias de firmeza as
palavras de Temurbek, e tão corajosas e bem-intencionadas as suas ações, que se
tornam verossímeis, ou quase um crime ou falta de compaixão crer em sua não-existência
em um certo lugar ou tempo. Há Temurbeks em 1253 e 79 A.C., em 1911 e hoje. E
todos são verdadeiros, e a nossa vida seria menos interessante se eles não o
fossem.
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