sábado, 20 de abril de 2013

20 de Abril

A Falsa Literatura


Durante muito tempo [para maior exatidão, desde que a Universidade de Delhi publicou nesta data em 1962 (contra as expressas reclamações do Partido) o pequeno (e perseguidíssimo) ensaio Do Tempo e seus Versos da poetisa e crítica literária Florida Shuhrat] que a sabedoria convencional afirma que, de 652 a 654 D.C. floresceu uma escola literária no baixo curso do Amur-Daria e que tal escola seria um alerta.

Alerta de desastre: a escola Amuriana [como ficou conhecida] plenifica-se de aventuras de cavalheiros e de damas e de poemas em meio a árvores de troncos mais grossos que muralhas, planícies encharcadas de riachos e de colinas cobertas de arbustos mais altos que casas. Como hoje a região não produz grama suficiente para alimentar uma vaca, a conclusão é óbvia: houve um desastre ecológico – um severo aviso para a Humanidade.

O deslizamento de um aterro na velha Ferrovia Trans-Turquestão em 1989 expôs um cilindro contendo sete papiros numa versão do terceiro dialeto Bhakhmar que revelou ser a literatura amuriana uma farsa: três mullahs e dois diáconos Khazyr a teriam produzido bem mais tarde [em 1721] para matar o tédio [e evitar as perigosas disputas teológicas]. Não só as tramas mas principalmente o ambiente luxuriante seria falso.

Tal nova versão [nem um pouco unânime], foi contestada em duas dissertações na Universidade [traidora] de Tashkent, segundo as quais a literatura amuriana é real – falso e [pretensamente] cômico é o tal cilindro.

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