Ferdinand de Saussure teve três pesadelos com Amhitar [o
primeiro deles a 15 de abril de 1908, entre o primeiro e o segundo dos seus célebres
cursos]. O gramático da Universidade de Genebra sonhou com um monstro – não conseguia
vê-lo mas ouvi-lo. Seus rugidos não o eram – lembravam cordas de violino ou navios
em colisão. Ferdinand tentava - não fugir - mas entender [a vida e a morte lhe
pareciam sem sentido enquanto não compreendesse aquele som único de formas múltiplas].
Quando os ouvidos pareciam lhe saltar da cabeça no esforço, acordava [banho de
suor].
Noventa e nove palmos de um rolo de papiro cobertos com uma
só palavra [de uma língua ininteligível] repetida exatas 7.777 vezes lhe
causaram isso. Um antiquário vendeu-o ao sábio informando ser de autoria do
semilendário linguista amhitariano Abdullaeva Behruz [uma informação de confiabilidade
baixa como toda informação de vendedor].
Três noites de pesadelo e 99 delas no estudo sem sono
convenceram o gramático que aquele era o registro da Língua Primordial, o elo perdido entre os grunhidos dos
pitecantropos e as línguas modernas. Convencido de ter descoberto o elo perdido das Linguagens, escreveu
pequeno ensaio incluído depois da sua morte no capítulo II [A Língua mais antiga] da Quinta Parte do
seu Curso de Linguística Geral. [Editores depois eliminaram discretamente o
ensaio, pois este retirava do Indo-Europeu [e consequentemente dos europeus] a
honra de ser a origem das línguas.]
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