O salvador normal
Husan Mariya salvou a cidade de Karakalpakstan
das mãos dos selvagens. [Husan Mariya, lugar-tenente ou, segundo outros mais
radicais, um avatar do ubíquo Donyhor al-Temurbek]. Tal prodígio de coragem é objeto
de debates não isentos de amargura [os tradicionalistas afirmam que aconteceu
em 26 de março de 887 (no calendário herético) e versões mais modernas o
empurram para o dia 89 do mês Kheomirxx do ano 003 do calendário Khazyr; uma opinião
moderada o estabeleceu na data de hoje em 1251 ou 1252, aproximadamente a
mediana entre as duas primeiras].
A natureza precisa de seu feito
também causou [não poucas] rixas de família [dizem]. A ideia de que teria
degolado 77 inimigos [Turkmans ou Kazaks, as sub-histórias variam] tem
sido abandonada [para escândalo dos conservadores] em favor de versões light, de que matou [e à de espada]
apenas três, com uma subcorrente afirmando que só deu ordens, sem ter ele mesmo
enviado ninguém para o outro Mundo.
Nada disso [no entanto] é mais
contestado que as histórias pós a grande batalha. Husan [dizem os poucos testemunhos
da época] arrotava e dormia de tarde e olhava para saias de garotas [e às vezes
tinha timidez de fazer-lhes propostas] e gostava banhos de rio. Pessoas o
visitavam em busca de palavras heroicas e ele lhes dava bocejos e pão e queijo
[não melhores nem piores que os de todos] e falava sobre o tempo. A escandalosa
normalidade do herói o fez menos louvado [talvez] do que deveria.
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