Totais Lembranças
Baxrom Ogiloy partiu
hoje em 1859 para Deus-Pai, Alá ou Zighukrax,
a 888ª divindade do panteão Khazyr. O
tio materno de Sunef, O Olvidador [celebrado nestas Efemérides a 13 de
novembro] deve sua importância [tal como o sobrinho] à memória.
Baxrom Ogiloy
se lembrava. Todos os dias no fim de tarde se sentava em frente à sua casa e
contava do passado. O ponto inicial deste era a luz [que alguém conseguiu
interpretar: Baxrom lembrava o próprio nascimento]. Lembrava a primeira rosa e todos
os exercícios de aritmética do terceiro ano. Muitas vezes [porém] esquecia o próprio
nome. Tinha de ser guiado, pois esquecia o próprio endereço. Esses lapsos [não infrequentes]
decepcionavam os estudiosos de Shamarkhaant e Dacca que vinham à procura de um
homem com memória absoluta.
Um desses
estudiosos [não sem sagacidade] bradou: Baxrom não era uma farsa – ele efetivamente
tinha a memória total [anseio de todos os homens]. Essa memória [no entanto] não
o permitia hierarquizar suas lembranças. Assim, as chaves da casa estavam no mesmo
nível das conjugações do grego vistas havia meio século. O nome da filha
competia com o ronronar de um gatinho que acariciara quando bebê. Ao tentar se
lembrar, Baxrom puxava uma nebulosa de informações tanto impressionantes [para
curiosos] como inúteis [para ele].
Por isso até
hoje em Amhitar existe o ditado Que Deus
te faça lembrar de tudo! Isso é uma praga – para espanto dos estrangeiros.
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