segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

23 de Dezembro

O Mapa

Segrob o Contador de Infinitos [sendo talvez o único amhitariano a utilizar a palavra que indica o incontável] narrou [com não pequeno sucesso] a história dos mapas de Amhitar em ensaio publicado hoje em 1941 em Shmaerkhaent. Como reconhecimento de tal feito, o Partido não demorou muito para decretar hoje o Dia da Cartografia da Pátria.

Para decepção de seus múltiplos fãs [e para (talvez) diversão própria, pois Segrob era um grande gozador] a ausência de mínimos vestígios arqueológicos forçou os especialistas a reconhecerem que a principal história que Segrob contava [e depois todas as demais] não passava de ficção [sendo incrível como uma narrativa tão inverossímil foi por décadas comemorada com paradas escolares – alguns dizem que porque era tão inverossímil a história foi tomada como verdade].

A tese de Segrob [e que endossava (obviamente) o discurso da grandeza inata de Amhitar] era que o primeiro mapa do país [desenhado a mando de certo SemiSultão do qual espertamente se recusava a declinar o nome] era o melhor de todo o mundo, pela sua riqueza de detalhes. O soberano não admitia que nenhuma planta maior que um arbusto, que nenhuma pedra maior que um palmo não estivesse presente. Desnecessário dizer: o mapa tinha o tamanho do país.

Tal história [apesar de ter sua beleza] não resistiu às escavações que não encontraram nenhum vestígio dessa monstruosidade. Quanto a Segrob, místicos já disseram que o viram nas cartografias do céu, rindo. De nós.

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