O Mapa
Segrob o Contador de Infinitos [sendo talvez o único amhitariano a
utilizar a palavra que indica o incontável] narrou [com não pequeno sucesso] a
história dos mapas de Amhitar em ensaio publicado hoje em 1941 em Shmaerkhaent.
Como reconhecimento de tal feito, o Partido não demorou muito para decretar
hoje o Dia da Cartografia da Pátria.
Para decepção de seus múltiplos fãs
[e para (talvez) diversão própria, pois Segrob era um grande gozador] a ausência
de mínimos vestígios arqueológicos forçou os especialistas a reconhecerem que a
principal história que Segrob contava [e depois todas as demais] não passava de
ficção [sendo incrível como uma narrativa tão inverossímil foi por décadas
comemorada com paradas escolares – alguns dizem que porque era tão inverossímil a história foi tomada como verdade].
A tese de Segrob [e que endossava
(obviamente) o discurso da grandeza inata de Amhitar] era que o primeiro mapa
do país [desenhado a mando de certo SemiSultão do qual espertamente se recusava
a declinar o nome] era o melhor de todo o mundo, pela sua riqueza de detalhes. O
soberano não admitia que nenhuma planta maior que um arbusto, que nenhuma pedra
maior que um palmo não estivesse presente. Desnecessário dizer: o mapa tinha o
tamanho do país.
Tal história [apesar de ter sua
beleza] não resistiu às escavações que não encontraram nenhum vestígio dessa monstruosidade.
Quanto a Segrob, místicos já disseram que o viram nas cartografias do céu,
rindo. De nós.
Nenhum comentário:
Postar um comentário