quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

25 de Dezembro

A Tragédia única

A peça Os Sete Contra Bukhara estreou hoje em 1897 no Teatro Nicolau II diante do Governador Militar Russo [os longos bigodes e a cara de mau de todo governador militar russo]. A presença dele [e de um pelotão de cossacos de espadas afiadas como navalhas na esquina] nada tinha de amor à arte teatral e sim de temor de perder o cargo: o sucessor de Konstantin Petrovich von Kaufmann temia perder o que aquele lendário [e com fama de cruel] general ganhara para o Czar: havia rumores de que os Sete Contra Bukhara continha perigosas mensagens subliminares de incitamento a uma revolta, degola de todos os russos invasores, profanação de templos ortodoxos, etc. - o de sempre.

De fato a tragédia narrava a história [mais que maluca, segundo alguns mais céticos] de uma garota que se importava mais que o irmão que com o noivo, e que depois da morte do primeiro [já que com o segundo ela não se importava] inventou todas as formas possíveis de irritar o governante da cidade de Bukhara – e liderou sete guerreiros tontos na tomada da cidade.

Considerada [pelos poucos que entendiam] uma imitação da Antígona de Sófocles escrita por um bêbado, a expectativa de subversão acabou se autocumprindo e multidões viam nas frases sem sentido um protesto contra a opressão estrangeira. O tal General também nada viu demais – e foi chamado a São Petersburgo a dar penosas explicações – por ter deixado passar uma peça de ódio a nosso amado Czar.

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