Tentações
A Zoda
Shuhrat tem-se atribuído [não sem
flamante injustiça] a frase
Isso é uma tentação – e eu vou cair nela
constante em
dois pedaços de pergaminho [um deles rasgado em quase metade] conservados no departamento
de manuscritos raros da Universidade de Dacca. Na verdade [dizem] o tímido
linguista [o único capaz de escrever um texto coerente utilizando palavras de
49 línguas e dialetos, segundo seus não poucos discípulos] não foi responsável por
tal frase. Zoda apenas a traduziu. O verdadeiro autor seria [não
surpreendentemente] o Monge Gelasiminius. Um prelado é [por razões óbvias] o
alvo preferencial para uma fofoca do gênero – a imagem de um homem velho se
entregando ao festim com jovens desnudas sendo praticamente um arquétipo no inconsciente
coletivo.
Um artigo publicado hoje em 1992
no Boletim da Academia do Passado
Inexistente [embora não impassível de contestação] eliminou muito do charme
da história: Abdulaeva Behruz [o mestre de Zoda e de outro grande glotologista,
o folgazão Gulhayo Mansur] teria escrito tal frase [e dado aos pergaminhos propositalmente
um tom antiquado]. A tentação que se
referia [no entanto] era a de saber todas as línguas do mundo, coisa que
[quase] conseguiu – chegando a 999. Embora seja uma tentação [e quase demoníaca,
pois saber as línguas é controlar os homens, desde a Torre de Babel] por alguma
razão ela tem sido considerada monótona, e desde então esta data, embora
constante nessas Efemérides, tem sido pouco lembrada.
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