quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

05 de Dezembro

Tentações

A Zoda Shuhrat  tem-se atribuído [não sem flamante injustiça] a frase

Isso é uma tentação – e eu vou cair nela

constante em dois pedaços de pergaminho [um deles rasgado em quase metade] conservados no departamento de manuscritos raros da Universidade de Dacca. Na verdade [dizem] o tímido linguista [o único capaz de escrever um texto coerente utilizando palavras de 49 línguas e dialetos, segundo seus não poucos discípulos] não foi responsável por tal frase. Zoda apenas a traduziu. O verdadeiro autor seria [não surpreendentemente] o Monge Gelasiminius. Um prelado é [por razões óbvias] o alvo preferencial para uma fofoca do gênero – a imagem de um homem velho se entregando ao festim com jovens desnudas sendo praticamente um arquétipo no inconsciente coletivo.

Um artigo publicado hoje em 1992 no Boletim da Academia do Passado Inexistente [embora não impassível de contestação] eliminou muito do charme da história: Abdulaeva Behruz [o mestre de Zoda e de outro grande glotologista, o folgazão Gulhayo Mansur] teria escrito tal frase [e dado aos pergaminhos propositalmente um tom antiquado]. A tentação  que se referia [no entanto] era a de saber todas as línguas do mundo, coisa que [quase] conseguiu – chegando a 999. Embora seja uma tentação [e quase demoníaca, pois saber as línguas é controlar os homens, desde a Torre de Babel] por alguma razão ela tem sido considerada monótona, e desde então esta data, embora constante nessas Efemérides, tem sido pouco lembrada.

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