quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

11 de Dezembro

Ecolo-dia de Amhitar

“Quando Dasha Ulugbek iniciou sua caminhada pelo Deserto de Qyzylorda não havia Deserto de Qyzylorda, mas uma Floresta de árvores de 90 metros com esse nome”.

A repressão ao primeiro estudo ecologista de Amhitar faz com que hoje seja considerado o Dia da Natureza no País. De fato tal obra [de autoria coletiva e todos os autores com nomes apropriados como Camelo, Elefante e Cobra] não se pauta pelo rigor metodológico. O amor pela natureza muitas vezes eclipsa as estatísticas e a permeia uma [talvez imprudente] confiança em testemunhos de velhos viajantes, como o do andarilho Dasha Ulugbek [celebrado nestas Efemérides a 23 de janeiro e reputado por ter (dizem) dado a volta ao mundo a pé por três vezes].

A censura [no entanto] veio da denúncia de que Amhitar nem sempre foi deserto [já tendo sido jardim ou selva] em uma época em que o Partido sugava a última gota dos rios e o último grão de solo limoso para transformá-la em algodoal.

Um motivo mais nebuloso [e talvez por isso mais forte] veio da descrição de que o mundo da natureza era belo [com seus lagos verdosos e nuvens de pólen e bambus a se dobrar sobre riachos] enquanto o mundo dos homens soprava fumaça e graxa e ferro fundido. O Subcomitê de Propaganda de Agitação do Partido considerou a obra exemplo de nostalgia burguesa – e [inadvertidamente] condenou as palavras acima à imortalidade, ao proibir [hoje em 1946] o opúsculo no qual elas constavam na primeira página.

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