O Xeque Elmurod vencera cinco
batalhas quando jovem – vale dizer, causara ferimentos a pessoas e miséria a
famílias. Tal o pavor de seu nome que, na breve guerra civil de 1578, as Três Hordas [seus inimigos] não se
atreviam a atacá-lo. Pensavam em ir para a esquerda, Elmurod ficava parado – os
adversários pensavam que ele adivinhara que seu ataque pela esquerda era só um
disfarce para um real ataque pela direita; pensavam em descer o desfiladeiro
mas a imobilidade de Elmurod os convencia de que sua tentativa de atraí-lo para
uma emboscada fora prevista pelo imperturbável inimigo.
Elmurod se dizia imune a flechas,
lanças e sortilégios mas esqueceu as gripes – uma o matou cercado por trezentas e nove cortesãs. Seus sete sobrinhos
(tomados de ambição e impaciência) atacaram as Três Hordas – estas atacaram de
volta – e o resultado (no único pormenor da história que desafia a
credibilidade) é que apenas quarenta e um homens não foram enviados para o Reino
das Sombras.
O estranhíssimo mas esperado resultado
da batalha de Tasbuget causou um debate séculos depois entre historiadores. Dilafruz
Michelet afirma que a aura da genialidade militar do Xeque enchia de orgulho a
pátria. Já Iusya Marzhaffar dizia que o tal Xeque era um homenzinho mau, gordote
e comedor de haréns, e vencia em batalha outros tão mesquinhos quanto ele. E
que todos os homens são, como o tal Xeque, joguetes
de forças que não podem controlar.
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