quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

13 de Fevereiro

Criação das festas populares

Ilyos Aynur decretou com a força das pontas de ferro das lanças dos quarenta e cinco soldados de sua guarda pessoal que durante seis dias, quatro horas e dezessete minutos Cada habitante de Amhitar terá de ser outra pessoa, sendo enviado para a outra margem do Rio das Sombras todo malévolo que não se submeter. [Ninguém soube explicar esse período de tempo quebrado]. Pessoas tristes [diz a lenda] compunham então toda a terra – sem comemorações, os amhitarianos nasciam e viviam como bichos [apenas o bom-senso é necessário para contestar tal versão – não existem povos sem festas].

Ilyos Aynur cara gretada barba de três séculos era provavelmente a pessoa menos provável de criar celebrações. Valiam máscaras, vozes torcidas, fingimentos. Não sendo a si mesmas, as pessoas dançavam e cantavam e vomitavam e copulavam livres. [Os excessos não eram combatidos pelos sacerdotes, pois ainda segundo a lenda, os sacerdotes não existiam]. Java Kharlilah [o único autor a levar a sério essa invenção do carnaval amhitariano] estabelece a data de sua criação como hoje no ano de 610 a.C., uma fixação fruto tanto da pesquisa como da fantasia conforme o sombrio relatório publicado em 1962 pela [traidora] Academia Soviético-Proletária da Ásia Central, a qual, sempre zelosa das lutas das massas, proibiu essa festa alienante. Os governos, até mesmo o do ditador Karimov, temerosos da reação popular, preferiram olhar de lado.

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