domingo, 17 de fevereiro de 2013

17 de Fevereiro

O deserto dos fantasmas


O verbete surpreendentemente sóbrio da Enciclopédia do Turquestão atribui essa data a um opúsculo anônimo [na verdade três lâminas de pergaminho] aparecidas [segundo a tradição] hoje em 1611.  O Sul, o Leste e Oeste possuíam fronteiras marcadas por pontes, quartéis e portos. Sabia-se, com maior ou menor certeza, quem habitava além da fronteira, que eram homens iguais [embora as guerras às vezes os levassem a matá-los].

O Norte de Amhitar se abria em um deserto [e hoje ainda o faz]. Sete reis e emires por sete vezes tentaram abrir sete estradas, e em pouco tempo quase tudo de seus leitos se esfarelou em areia, permanecendo apenas os seis quilômetros iniciais. [Essa assimetria do último número fez respirar aliviado o materialista Serguei Kovinev, que temia interpretações místicas para os números sete. Elas existem.]

Os observadores dos fortes extremos sempre escrutinaram a planura, antes a olho nu, depois com lunetas. Embora os céticos tudo atribuam à luz e ao vento, poder-se-ia fazer coletâneas [e elas foram feitas] de testemunhos de guardas que viram [de dia e de noite] monstros de mãos de três dedos, ou enormes mães chamando os filhos no céu, ou vozes agudas como lâminas berrando a data da morte de quem ouvia. Desgraçadamente para as interpretações materialistas, as tropas soviéticas vieram do deserto em um dia sete e instauraram sete julgamentos de traidores do povo, aumentando [involuntariamente] a mística do deserto.

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