quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

07 de Fevereiro

O maior ator de cinema


Meninos crescem e querem saber quem são - brincam de ser soldados, reis ou atletas e Mohira Daniyar aos oito anos e meio descobriu: não era nada. Os outros riam, e choravam, e brigavam, e Mohira se entristecia, e se alegrava, e se enraivecia, mas nele esses sentimentos eram superficiais como uma capa de gordura que sai com detergente. Jovem, arrastava um vazio, não de tristeza, mas um vazio puro. Até que, nessa data [cuja única fonte é uma nota publicada na terceira página do Pravda por seu admirador Rhared Dorshimoor, ou Serguei Eisenstein] viu as manchas preto-e-brancas de uma nova arte, o cinema.

Mohira percebeu que havia uma profissão que consiste em encher um homem de outro homem, melhor ainda se for outro por completo diferente. Tornou-se ator. Encharcou-se de outras almas em Sete caminhos para o Inferno, Vovô Bobão e principalmente A Invasão dos Saticons, a história de uma família de pistoleiros (inspirada em um obscuro episódio da história amhitariana) sempre vestidos de capa preta e que queriam arrasar uma cidade. A sombria fala do mocinho vivido por Mohira: Não se preocupe comigo – eu escaparei; eu sempre escapo foi imitada por meninos por duas gerações em Amhitar. A facilidade com que Mohira Daniyar passava de um papel triste para uma comédia admirava os fãs e invejosos, mas não a ele. Basta ser vazio – disse a seu admirador Rarhed ou Eisenstein, mas pelo meio-riso, este não o teria levado a sério.

Nenhum comentário:

Postar um comentário