sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

22 de Fevereiro

O homem treze iguais


Aybez Mohidil nasceu treze vezes, um delas hoje. [A história de que trocou cartas com Azuz-il-Dalakkirim, ou Hippolyte Léon Denizard Rivail, ou Allan Kardec é apócrifa – viveu um par de séculos antes do francês, e Zulfikar MaKahardec (ou Makerdekk), o precursor da doutrina dos espíritos em Amhitar, ainda nem sonhava em nascer ou encarnar-se].

Aybez dizia que além daquele Aybez havia mais doze dos quais apenas uns dois ou três ele tinha ideia de onde estavam – cada pessoa tem várias vidas e todas ao mesmo tempo, e nem todas humanas. Ele era velho em Amhitar, cabelereira na margem do lago Malawi, rato de esgoto em Hugduzzim (Paris) e mosca provavelmente em alguma palmeira na selva do rio Beni.

Tal doutrina teve um curioso desenvolvimento político – se não sei quem mais eu sou não devo matar ninguém, pois posso matando a mim mesmo. Essa piedosa noção só causaria sentimentos simpáticos – se o Califa de Smaarkanth não estivesse tomado por uma de suas periódicas fomes de mais poder e não planejasse uma guerra para expandir seu domínio.

Condenado como pacifista e temendo que o Califa pudesse ser ele mesmo, Aybez não resistiu à prisão e uma de suas treze vidas se extinguiu em poucos dias. Seus adeptos Simultaneístas  retiraram-se às montanhas do Norte, onde se dedicaram a estudos sobre tudo o que acontece ao mesmo tempo. As treze versões (nem todas alegres nem todas tristes) do que aconteceu com eles parecem confirmar as doutrinas do seu mestre.

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