quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

20 de Fevereiro

O não-traidor e o quase-herói


Sador, o sábio [ou Sador, o biltre] venceu, para glória de Amhitar [ou traiu, para vergonha desse reino] os cento e quinze mil bebedores de sangue de Tamerlão, o Tártaro [ou os duzentos mil quebradores de ossos da Horda de Ouro; a primeira versão, antes achincalhada, agora foi imposta como verdade] hoje em 1404 [ou a 21 de setembro de 1395; a data de 30 de junho de 1511 foi carimbada como apócrifa].

Esse heroico feito [até 1920 considerado ato de vil covardia] consistiu em, armado de uma espada [ou coberto com uma capa escura], avançando em pleno sol em campo aberto [ou protegido pela noite rastejando até o campo inimigo], pensando apenas na Pátria [ou tendo cólicas de tanto medo] ter cortado sete cabeças [ou ter se oferecido para abrir os portões da cidade] assim inspirando os até então amedrontados soldados de Amhitar [ou ter possibilitado que o inimigo, então enfraquecido, pudesse massacrar a cidade] e assim conquistando grande vitória [ou assim ter feito sua pátria cair na escravidão].

O fato de as duas histórias serem completamente diferenças as tornou ainda mais verossímeis. De acordo com a situação política a Sador se erigem estátuas como jovem sensual ou velho corcunda. A breve ditadura do General Chavkat estabeleceu seu heroísmo. O atual governo tem ordem secreta para enviar ao fundo do rio Syr-Daria todo celerado que duvidar da existência de Sador, do qual o Presidente Karimov é a reinterpretação.

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