sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

08 de Fevereiro

A duplamente fictícia coleção de contos


A história oficial [longe de ser incontroversa] reza que na data de hoje no ano de 1830 dois rapazes saltimbancos alegres e idealistas, os felizes irmãos Shahlo, publicaram a primeira coletânea de contos de fadas de Amhitar. Essa dupla [continua a história] pretendia conhecer o verdadeiro Amhitar e por um par de anos percorreu estradas inexistentes pelo interior, quase se afogou em riachos e definhou de disenteria em estalagens de último nível e o resultado foram maravilhas como A história do homem, do leão e do jumento, ou A princesa dos dentes de prata, ou Aventuras do gatinho que queria ser rei, os quais [diz o patriotismo amhitariano] são dignos de figurar em qualquer coletânea mundial de lendas populares.

Iusya Marzhaffar [como sempre] joga seu balde de água fria: diz ele que os irmãos não eram alegres e sim uma dupla de mal-humorados; e que os irmãos percorreram Amhitar inteira e não acharam nenhuma história que interessasse. O povo de Amhitar era o mais chato e sem imaginação de todo o mundo. Os irmãos [afirma o (quase) aborrecido historiador materialista] inventaram tudo. Da sua cabeça saíram fadas e monstros e duendes, multiplicaram os braços dos gênios e as trombas dos elefantes mágicos, e criaram um país imaginário interessante como contraste a um país real e que batia recordes de chatice.

Embora essa versão crie dois grandes escritores em Amhitar, é hoje compreensivelmente esquecida pelos patriotas autênticos.

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