Arnold Hauser na terceira nota de
rodapé do capítulo primeiro da sua História
Social da Arte [cuja tradução em dialeto Bakhmar se publicou hoje em 1929] menciona a arte da pintura em Amhitar.
Na Arte Paleolítica [afirma o
ensaísta] tanto o animal pintado quanto o animal livre são reais. Para o pintor
moderno um é real e o outro é ficção. Hauser
na nota [que se estende por quase três páginas] visualiza uma possível tradição
de arte pela qual o objeto pintado e o objeto visto são [ambos] duplos irreais.
Tal nunca existiu exceto em uma
curta fase no período Semimédio da arte amhitariana [diz]. Não é que as
coisas fossem [a princípio] falsas. Mas o fato de serem pintadas permitia que
se as vissem de forma irreal.
Não deixava de ter aplicação prática.
Uma garota que terminara o namoro encomendava um quadro do seu ex-amado. Ele se
tornava falso como a pintura e ela não se suicidava. Derrotas militares antigas
[ao se tornarem grandes trípticos] deixavam de doer.
Segundo Hauser, os poucos
testemunhos [que ele não particulariza] permitem concluir que tal arte decaiu
por seu próprio sucesso. As coisas [quase] todas se tornaram arte e a própria
arte deixou portanto de existir. E teve
de ressurgir de forma tradicional, como um duplo irreal imitando um duplo real,
o que prova que a Arte é Mesmo Indispensável ao Ser Humano [conclui com otimismo
talvez excessivo].
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