A primeira jovem Escort de Amhitar [o eufemismo hoje se alastrou universal] driblou
a censura militar do exército de ocupação do Czar Nicolau II e conseguiu emplacar
um anúncio na Gazeta de Shmaekant hoje
em 1911. Provavelmente foi sua habilidade com palavras que conseguiu furar o
bloqueio: a nota de sete linhas [com um elegante uso dos adjetivos do subdialeto
Khazyr] pode ser traduzida [não sem
certa liberdade] como
Você, cavalheiro cortês e próspero, não precisa se entregar inteiro a
uma esposa que não reconhece suas muitas qualidades. Eu saberei lhe dar sonhos
de infância e adulto, risos, luzes e dança, tudo, tudo a dois. Posso ser sua,
Amina.
As descrições dos
cavalheiros-clientes [talvez não isentas de certo êxtase causado pelo palavreado
e por algum uso de álcool] são unânimes em descrever a jovem como os olhos de rouxinol e o corpo de gazela [as
testemunhas oculares sendo fundamentais, já que Amina não permitiu a invenção
da fotografia imortalizá-la].
Correntes de pensamento debatem o
significado da Pioneira. Os materialistas [previsivelmente] consideram-na a vítima
de um sistema explorador. Os pós-modernos [inclusive a Academia do Passado Inexistente] a louvam como mulher emancipada. Um
ou dois ensaístas [traindo talvez um excesso de psicologismo] afirmam que Amina
não passava de uma fantasia da carência masculina, e que a Pioneira real possuía
fortes carências estéticas. Sua opinião contabiliza pouco sucesso.
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