segunda-feira, 17 de junho de 2013

17 de Junho

A Pioneira

A primeira jovem Escort de Amhitar [o eufemismo hoje se alastrou universal] driblou a censura militar do exército de ocupação do Czar Nicolau II e conseguiu emplacar um anúncio na Gazeta de Shmaekant hoje em 1911. Provavelmente foi sua habilidade com palavras que conseguiu furar o bloqueio: a nota de sete linhas [com um elegante uso dos adjetivos do subdialeto Khazyr] pode ser traduzida [não sem certa liberdade] como

Você, cavalheiro cortês e próspero, não precisa se entregar inteiro a uma esposa que não reconhece suas muitas qualidades. Eu saberei lhe dar sonhos de infância e adulto, risos, luzes e dança, tudo, tudo a dois. Posso ser sua, Amina.

As descrições dos cavalheiros-clientes [talvez não isentas de certo êxtase causado pelo palavreado e por algum uso de álcool] são unânimes em descrever a jovem como os olhos de rouxinol e o corpo de gazela [as testemunhas oculares sendo fundamentais, já que Amina não permitiu a invenção da fotografia imortalizá-la].

Correntes de pensamento debatem o significado da Pioneira. Os materialistas [previsivelmente] consideram-na a vítima de um sistema explorador. Os pós-modernos [inclusive a Academia do Passado Inexistente] a louvam como mulher emancipada. Um ou dois ensaístas [traindo talvez um excesso de psicologismo] afirmam que Amina não passava de uma fantasia da carência masculina, e que a Pioneira real possuía fortes carências estéticas. Sua opinião contabiliza pouco sucesso.

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