Farhod Birame subiu à tribuna
[discurso em mãos] como seu [involuntário] antecessor Serguei Kovinev fizera 56
anos antes ao inaugurar outra Academia [celebrada a 6 de abril] e lhe veio o pensamento [rápido como fogo] de que aquilo
tudo era real: o mundo, os objetos, os cachorros existem, as artes têm sentido
e o mundo é um lugar sério. Apagou tal ideia subversiva com um movimento de mão
e [usando um fraque e uma saia colorida] declarou inaugurada a Academia [Pós-Moderna] do Passado
Inexistente.
[Um inevitável strip-tease de três garotas excessivamente
alimentadas precedera a cerimônia]. Farhod [ao ver os olhares voltados para a
sua saia] disse que o propósito daquilo não era protestar contra nada. Era
aparecer. E dera certo [a sala estava cheia de repórteres]. Prosseguiu
afirmando a inutilidade da ciência, exceto a mais particular possível [haveria
uma biologia dos gatos cegos canhotos
nascidos em 21 de fevereiro, por exemplo]. A história nada mais era que uma
lenda contada pelos poderosos, o que não significa que os oprimidos façam outra
mais interessante. O sentido do estudo e da pesquisa consistia em meter em
garotas. E convidou a todos a assistirem o fechamento da cerimônia – os novos
acadêmicos e as três strippers em um banho nu coletivo em uma banheira redonda.
Por desconfiarem da baixa estética da cena, poucos ficaram – mas foi manchete
em nove jornais, consagrando o sucesso da inauguração.
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