sexta-feira, 21 de junho de 2013

21 de Junho

O apóstolo do Nada

O homem que chegou hoje em 1869 na estação [provisória] de Shameerkhaat se chamava Alexander Kovinev. Ganhou a [inevitável] desconfiança dos locais. Os russos tinham invadido havia pouco. Eles eram maus e o médico Kovinev [um deles] recebeu frieza como boas-vindas.

Fundou o Sodalício Literário Deus Não Existe. [Sua popularidade supreendentemente aumentou com isso, pois ao contrário dos sanguinolentos (e ortodoxos) oficiais do exército czarista, as pessoas viam em Kovinev um russo diferente, e portanto melhor]. Em cada doença via uma manifestação da não-presença divina. Em cada cura que executava, um sinal de sua desnecessidade. Cada padre bêbado consistia em um sinal da incompetência celestial, e cada padre cioso uma prova de sua inenarrável beatice.

Alexander Kovinev não chegou sozinho. Viúvo, puxava pelo braço a Mikhail. Este deu ao pai o desgosto de com quinze anos fazer voto de castidade, com dezessete querer entrar em um convento, com vinte e um abjurar todos os descrentes. Pai e filho passavam na rua sem se cumprimentar.

Um curioso artigo anônimo neste mesmo dia em 1923 na Gazeta de Amhitar atribui tal inimizade a um conflito entre o avanço [ateu] e a reação [religiosa]. Os freudianos compreensivelmente fazem a festa e uma contagem em 1980 computou 44 artigos sobre o conflito entre gerações. Uma explicação de que o maligno poupara o filho e enfeitiçara o pai tem sido descartada por excessivamente mística.

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