quarta-feira, 7 de agosto de 2013

07 de agosto

Mergulho

Nunca terá [talvez] fim a discussão se Zuref Rodras era um homem ou um deus [sendo inexplicavelmente minoritária a (esperável) terceira corrente de que seria um semideus]. Sua deidade (ou não) teve dia e hora certos: às 15 horas e 15 minutos no dia de hoje no ano de 1555 dos hereges [19 de Hamadan de 962 da Hégira] o jovem se jogou entre as colinas Dilsh e Sard no lado oriente das montanhas Karotegin.

Tais colinas não se destacavam por sua altura [não mais de duas dezenas de metros as separavam do chão] e nem pela majestosidade. Quase abraçadas por um lago, juntavam-se tanto que uma fenda entre elas permanecia eternamente escura. Naqib-il-Khamudan [o buraco escuro] era como a conhecia a miserável tribo dos Sumlaks ao lado.

Uma moeda jogada atingia água [o barulho permitia dizê-lo] mas o eco impossibilitava dizer se a água era do mesmo nível do lago, se mais fundo, se a moeda ricocheteara antes. Guerreiros não desprovidos de força já tinham bravateado vencer o medo – apenas para perder o controle de suas funções na hora, meio ao riso geral.

Zuref colocou-se em poucas roupas e [surpreendentemente mal humorado] jogou-se de bico. 1998 orelhas escutaram atentamente – e nada [exceto um barulho multiplicado pelo eco, que parecia mais roída de rato].

Três dias depois [o número é significativo] reapareceu: sorriu. Disse que tinha fome. Comeu. Recusou-se a dizer o que havia depois do mergulho no escuro. Foi embora. E até hoje discutem se era homem ou Deus.

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