quinta-feira, 8 de agosto de 2013

08 de agosto

A obra sem entendimento

Um casal – a mulher fia [com um rolo de lã] em uma sala. À esquerda, um abajur de listras. À direita uma gravura de Lênin, em vidro, com um canto quebrado. O marido chega. Ele se senta na poltrona oposta. A mulher fia. O homem checa o relógio, como autômato. A rachadura no vidro ramifica-se em três. A luz no abajur torna-se verde, rosa, e finalmente enegrece a cena. Alguém grita [impossível distinguir se homem ou mulher]. As luzes se acendem. Fim.

Da Inexistência de um Final estreou em super-8 semiartesanal  hoje em Shmaarkhaant em 1971. Tratava-se de remake de outra película - esta anônima - filmada em celuloide 35 milímetros e iniciada [em coincidência que deve mais ao acaso que à homenagem] na mesma data em 1918.

A crítica não conseguiu entender essa obra [que alguns (embora não muitos) denominam prima)]. Dizem que se trata do tédio da vida, outros do prenúncio da queda do regime soviético, outros ainda de um drama de assassinato em família à la Hitchcock. [Especulam se a mulher pretende matar o marido estrangulado ou se este é que espera (ansioso) os pistoleiros que contratou para darem a ela um fim]. Outros dizem que não são marido e mulher, e outros ainda que eles nem se veem.

Beiram o infinito as especulações de uma refilmagem, embora as expectativas de que Tom Hanks e Angelina Jolie venham a estrelar uma superversão hollywoodiana pareçam ser mais um excesso de otimismo patriótico da crítica local.

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