Um casal – a mulher fia [com um
rolo de lã] em uma sala. À esquerda, um abajur de listras. À direita uma
gravura de Lênin, em vidro, com um canto quebrado. O marido chega. Ele se senta
na poltrona oposta. A mulher fia. O homem checa o relógio, como autômato. A
rachadura no vidro ramifica-se em três. A luz no abajur torna-se verde, rosa, e
finalmente enegrece a cena. Alguém grita [impossível distinguir se homem ou
mulher]. As luzes se acendem. Fim.
Da Inexistência de um Final estreou em super-8 semiartesanal hoje em Shmaarkhaant em 1971. Tratava-se de remake de outra película - esta anônima
- filmada em celuloide 35 milímetros e iniciada [em coincidência que deve mais
ao acaso que à homenagem] na mesma data em 1918.
A crítica não conseguiu entender
essa obra [que alguns (embora não muitos) denominam prima)]. Dizem que se trata
do tédio da vida, outros do prenúncio da queda do regime soviético, outros
ainda de um drama de assassinato em família à la Hitchcock. [Especulam se a
mulher pretende matar o marido estrangulado ou se este é que espera (ansioso)
os pistoleiros que contratou para darem a ela um fim]. Outros dizem que não são
marido e mulher, e outros ainda que eles nem se veem.
Beiram o infinito as especulações
de uma refilmagem, embora as expectativas de que Tom Hanks e Angelina Jolie
venham a estrelar uma superversão hollywoodiana pareçam ser mais um excesso de
otimismo patriótico da crítica local.
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