O guerreiro Donyhor
al-Temurbek não deixou imagens e os seus admiradores atribuem essa ausência a
uma modéstia do maior herói de Amhitar. Preocupado em defletir os elogios de si
mesmo, o cavaleiro e espadachim recusou a todos os pedidos de gravar em papel
ou pergaminho as suas feições, dizendo que ele nada mais era que um símbolo da bravura
de todo o povo. [Outra história não menos lisonjeira afirma que o herói, por
seu dinamismo patriótico, não tinha disposição de se sentar horas e horas
posando].
Tal a versão
oficial, que uma menina de seis anos [quase] demoliu ao brincar [hoje em 1881] no
quintal na vilazinha de Zarkunak e topar com a quina de uma urna de argila [na
verdade era uma de sete]. Abertas, quatro continham papiros destruídos por
carunchos [de novo a versão oficial, para alguns suspeita] e as outras revelaram
três gravuras do herói.
Inicialmente
a Academia de Ciências de Amhitar saldou a descoberta como o curioso porém inócuo
detalhe de que o maior vulto da pátria usava cabelo longo. Uma inspeção mais
detalhada no entanto revelou que Donyhor al-Temurbek era mulher, uma Joana D´Arc
centro-asiática.
O machismo amhitariano
nunca permitiu que tal hipótese prosperasse. As gravuras sumiram do museu de
Shmaerkhaant dezessete dias depois [não antes que cópias fossem tiradas para
fomentar a suspeita recorrente]. Para todos os efeitos, o poder amhitariano insiste
no gênero masculino do fundador da pátria [ou da sua fundadora].
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