Os protestos detonados pela segunda
edição do A História da Vaidade no
Turquestão Ocidental na data de hoje em 1993 contrastam com o [furioso] silêncio
que cercou seu primeiro lançamento 110 anos antes. Saiu então apenas um comentário
de 17 linhas na Gazeta do Mar de Aral afirmando
que tal obra contém revelações sobre
nossa história que se situam muito longe da irrelevância.
A autora não divulgou seu nome. [O
tolo pseudônimo Uma amante da nossa beleza
encima a edição original]. A obra até quase o final pouco tem para gerar
polêmicas. Descreve em tom neutro [e não sem certa monotonia] a arte de pintar
o rosto em Amhitar. [Os poucos críticos (na verdade críticas) que veem o livro
com imparcialidade afirmam que ele deveria se chamar Uma História da Maquiagem]. Ervas e tinturas e sementes esmagadas e
pastas e cores carmim e turquesa desfilam nas [surpreendentemente vívidas] ilustrações
da obra.
Começa um breve capítulo Visão social da arte maquiadora. A autora
afirma que na Amhitar antiga os homens se maquiavam, e só eles. Gravuras com rostos
masculinos parecendo bonecas desfilam pelas páginas – o que talvez explique os
tijolos jogados contra livrarias e o fato de nenhuma editora ter se atrevido a
uma terceira edição, sendo raridades os exemplares existentes.
A Pós-Moderna Academia do Passado Inexistente [de
maneira compreensível, dado seu amor ao contestatório] a considera uma obra de
gênio, e afirma que A Vaidade é o Pináculo
da Inteligência.
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