quinta-feira, 1 de agosto de 2013

01 de agosto

Vaidades

Os protestos detonados pela segunda edição do A História da Vaidade no Turquestão Ocidental na data de hoje em 1993 contrastam com o [furioso] silêncio que cercou seu primeiro lançamento 110 anos antes. Saiu então apenas um comentário de 17 linhas na Gazeta do Mar de Aral afirmando que tal obra contém revelações sobre nossa história que se situam muito longe da irrelevância.

A autora não divulgou seu nome. [O tolo pseudônimo Uma amante da nossa beleza encima a edição original]. A obra até quase o final pouco tem para gerar polêmicas. Descreve em tom neutro [e não sem certa monotonia] a arte de pintar o rosto em Amhitar. [Os poucos críticos (na verdade críticas) que veem o livro com imparcialidade afirmam que ele deveria se chamar Uma História da Maquiagem]. Ervas e tinturas e sementes esmagadas e pastas e cores carmim e turquesa desfilam nas [surpreendentemente vívidas] ilustrações da obra.

Começa um breve capítulo Visão social da arte maquiadora. A autora afirma que na Amhitar antiga os homens se maquiavam, e só eles. Gravuras com rostos masculinos parecendo bonecas desfilam pelas páginas – o que talvez explique os tijolos jogados contra livrarias e o fato de nenhuma editora ter se atrevido a uma terceira edição, sendo raridades os exemplares existentes.

A Pós-Moderna Academia do Passado Inexistente [de maneira compreensível, dado seu amor ao contestatório] a considera uma obra de gênio, e afirma que A Vaidade é o Pináculo da Inteligência. 

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