A primeira [e na verdade única] edição
da The Catholic Encyclopaedia [Robert
Appleton Company, New York, 1907-1917] registra um buraco em seu mapa dos
cardinalatos, arquidioceses, dioceses, eparquias e abadias de todo o mundo. O
Planeta [em tal mapa] semelha ser todo coberto pelo Poder da Romana Igreja.
Exceto por Amhitar.
Uma só paróquia cobria o território
amhitariano [fazendo com que o vazio católico não fosse total]. Naquela época
[ou na verdade em 1913, ano em que foi feito o inventário] Amhitar possuía uma
paróquia católica, e um padre.
Que foi escolhido para esta ousada
missão [como geralmente acontece com as missões ousadas] por sua inadaptação a
ela. Jean-Paul Aristide não devia ter saído de alguma tola aldeia francesa
produtora de queijo malcheiroso. Assistira no entanto a muitos filmes de padre
[já existiam na época] e, pensando em santidade e disputas com Satanás, desembarcou
na Ásia Central.
E não encontrou nem belas jovens
pensando em suicídio nem teimosos potentados aos que afinal converteria. Não
que sua missão fosse um fracasso. Converteu uns poucos, mas ficou por ali. As profundas
conversas sobre o sentido da vida não passaram dos dedos da mão.
Restou a roupa a lavar, o cotidiano
café, a conta não paga a destruir amizades. E assim foi por rápidos [passaram rápido]
41 anos. Ao voltar, o padre disse que Deus
mora na Banalidade. E talvez para mostrar que até isso era banal,
acrescentou: ou o Diabo, sei lá!
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