sexta-feira, 22 de novembro de 2013

22 de Novembro

Cidade Perdida

O Gato Transparente [o símbolo] e o dístico A mentira possui o seu próprio encanto encimavam a portada de pedra da cidade perdida de Terebazar. Tais afirmações [é claro] não podem ser comprovadas pois [além do Gato] toda a cidade era transparente e [segundo não poucos] não o dístico mas toda a cidade era mentira. [O fato de a cidade ser hoje perdida (de acordo com os cínicos) constitui conveniente desculpa para o seu nunca-ter-sido].

Escavações empreendidas pela Seção de Propaganda Arqueológica do Partido [cujo excesso de surrealismo logo a fez extinta] na beira de dois ou três afluentes do Lago Sarygamysh resultaram em um fracasso incomum [pois os pesquisadores sempre encontram alguns ridículos cacos de cerâmica ou pontas de flecha]. As pesquisas [encerradas melancolicamente hoje em 1951] resultaram [literalmente] em poeira.

Curiosamente isso só aumentou o interesse quanto à cidade perdida. Não seria perdida por uma banal capa de areia – mas porque ela, cidade [ou pretensos feiticeiros que a construíram] se fizera com a habilidade de esconder suas belezas.

Para alguns os Gatos seriam não um mas 177; os feiticeiros controlavam o tempo e mandavam furacões sobre os inimigos; uma versão popular afirma ser ela uma cidade de amor livre e cujas habitantes femininas eram todas jovens e de cintura menor que 62.

Livre dos constrangimentos do real, uma contagem em 1987 recenseou 10.917 livros e artigos [só em Amhitar] sobre a Cidade Perdida. E no aumento.

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