Cidade Perdida
O Gato Transparente [o símbolo] e
o dístico A mentira possui o seu próprio encanto
encimavam a portada de pedra da cidade perdida de Terebazar. Tais afirmações [é
claro] não podem ser comprovadas pois [além do Gato] toda a cidade era
transparente e [segundo não poucos] não o dístico mas toda a cidade era
mentira. [O fato de a cidade ser hoje perdida (de acordo com os cínicos)
constitui conveniente desculpa para o seu nunca-ter-sido].
Escavações empreendidas pela Seção de Propaganda Arqueológica do Partido
[cujo excesso de surrealismo logo a fez extinta] na beira de dois ou três
afluentes do Lago Sarygamysh resultaram em um fracasso incomum [pois os pesquisadores
sempre encontram alguns ridículos cacos de cerâmica ou pontas de flecha]. As pesquisas
[encerradas melancolicamente hoje em 1951] resultaram [literalmente] em poeira.
Curiosamente isso só aumentou o
interesse quanto à cidade perdida. Não seria perdida por uma banal capa de areia
– mas porque ela, cidade [ou pretensos feiticeiros que a construíram] se fizera
com a habilidade de esconder suas belezas.
Para alguns os Gatos seriam não
um mas 177; os feiticeiros controlavam o tempo e mandavam furacões sobre os
inimigos; uma versão popular afirma ser ela uma cidade de amor livre e cujas
habitantes femininas eram todas jovens e de cintura menor que 62.
Livre dos constrangimentos do
real, uma contagem em 1987 recenseou 10.917 livros e artigos [só em Amhitar]
sobre a Cidade Perdida. E no aumento.
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