terça-feira, 2 de julho de 2013

02 de julho

A outra faceta do herói

Bekzod Shahlo não tem tempo certo – as especulações sobre o período em que viveu variam desde o ano 150 [no tempo dos hereges] até nove mil anos antes disso e até antes, em um tempo mítico [o que não impede que sobre tal tempo de sonho haja discussões cronológicas]. Também não tem lugar – 399 cidades e aldeias reivindicam a honra de tê-lo visto nascer. [Isso, é claro, além das especulações se ele seria mais um avatar do inevitável Donyhor al-Temurbek].

Como seus pares em outras culturas Bekzod é incensado e beijados são cada um de seus passos. [Como em nenhum deles, silencia-se acerca de Bekzod e só pretensos especialistas falam, ainda assim baixo].
O patriarca [barba branca e cara de sábio nas estátuas] ensinou os longínquos amhitarianos [previsivelmente selvagens até então] que colocando-se uma semente no chão algo acontece [um milagre] e ela se torna planta e [outro milagre] surgem novas sementes.

A história de Bekzod não se diferencia de outros heróis civilizatórios, exceto porque [em uma contra-tradição des-louvatória] comenta-se [ou não se comenta] que promovia festas onde roupas eram demais, todos os sexos eram aceitos e nenhuma norma era seguida. Compreensivelmente os discursos do Dia Nacional da Agricultura [hoje] esquecem tal faceta. Pensou-se em louvá-lo pois tais rituais teriam, afinal, algo a ver com fertilidade [e portanto com cultivos]. Com razão ou sem ela, a proposta não foi adiante.

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