sexta-feira, 12 de julho de 2013

12 de julho

O mais proibido filme

Da inexistência desta excrescência chamada Uzbequistão estreou hoje em 1956 às 15 horas e 9 minutos em 33 cinemas. [O Discurso Secreto de Khrushchov (esculachando tudo e prometendo novidades) espalhara um perfume de liberdade  – o povo dizia que já se apertava a descarga sem precisar berrar Viva o Grande Stalin! – e já diziam piadas como esta (de duvidosa comicidade) sem passagem de ida para a Sibéria].

As limitações do tal perfume [no entanto] quedaram claras às 19 horas e 15 minutos quando a Jaghonjidza-il-Halohnevda [a polícia política amhitariana, mais conhecida como Jaghon] recolheu as cópias e queimou 31 e metade de uma delas [restando apenas uma inteira, previsivelmente na mão de um tira cinéfilo, e partes de outra, usadas na sede da Jaghon para tapar o teto da cozinha].

Nada agressivo [apesar do título] o filme [com imagens de arquivo e voz de locutor] informava que nunca existira um país chamado Uzbequistão [apesar de ele ocupar quase todo o antigo território amhitariano] e que este na verdade fora um só mais um dos periódicos delírios de Trotski de mudar os cardápios, as rodas de bicicleta, o mundo e os países e tudo o  mais que fosse.

Tão mansa era a película que a justificação oficial para seu sumiço foi a rima do título, considerada de mau gosto – pois no protodialeto khazyr o título Khouiolikhtah-el-Mughbrioikhtah também rima – e permite uma cacofonia com necessidades fisiológicas, o que não ajudou na hora de decidir pelo sumiço.

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