domingo, 14 de julho de 2013

14 de julho

O verdadeiro patriote

As vinte e três horas e cinquenta e sete minutos do dia 14 de julho de 1889 encontraram [quase] toda a cidade de Shmaerkhaaent em decepção. Por todo o dia esperaram uma explosão de afeto por parte do já idoso e famoso historiador e ensaísta Dilafruz Michelet.  [Seu nome era Dilafruz Shahmat mas o amor por La Belle France, pelos croissants e pelo historiador da Revolução Francesa Jules Michelet o fizeram adotar o sobrenome deste último (além de construir uma história de vida totalmente fantasiosa para si, comemorada nestas efemérides a 8 de maio)].

Sendo hoje o centésimo ano da sua amada Queda da Bastilha, todos previam explosões de amor francófilo, mas nada - Dilafruz tomou seu café, tirou o chapéu para os de sempre, deu duas horas de aula para as normalistas da Escola para Professoras Catarina a Grande, recolheu-se à seção de mapas da Biblioteca Pública, tomou seu chá. [Em toda parte 999 olhos o seguiam].

Com três minutos para terminar o dia [os netos o cercando] esbugalhou os olhos e berrou o mais desafinado Allons enfants de la patrie le jour de gloire est arrivé registrado na história recente. Do berro caiu estatelado. Choveram lenços com álcool e água fria. Um par de minutos  de suspense e o velho historiador reacordou. Disseram-lhe que quase morrera.

Sem ocultar cara de decepção disse: Como seria doce ter morrido no mais belo de todos os dias! [Este excessivo amor por outro país não deixa de causar certo ciúme até hoje em Amhitar].

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