A indústria da pesca de Amhitar não tem futuro, e já que estamos no
assunto, nem ela nem esse país - esta [menos que lisonjeira] afirmativa
escreveu-a Serguei Yulyevitch, o Conde Witte, em furiosa [e
cheia-de-solavancos] viagem ferroviária de volta a São Petersburgo na data de
hoje em 1895.
O [macaco-velhíssimo] Ministro
das Finanças do Czar Nicolau II escrevia a seu [jovem] soberano para relatar os
sucessos [melhor talvez, os fracassos] de sua viagem de inspeção à economia amhitariana.
[Acreditava o Ministro que as possessões territoriais, mais do que honra, têm
de dar lucro. Nisso se separava do Czar e de 101 % de sua Corte]. Depois de
examinar relatórios e cifras de aduana e convencer-se de que Amhitar nada
poderia produzir de valor [nem mesmo com as mais altissonantes preces aos ícones
da Igreja Ortodoxa] soube que Amhitar tinha o Syr-Daria e o Amur-Daria, e que
poderia ao menos industrializar o peixe desses rios.
Esbarrou com dois dias de
desculpas, cinco de bajulações ocas e três de folclore – os pescadores de Amhitar
nada sabiam dos peixes, e nada podiam prever de seu comportamento, devido ao Khalimaat – o peixe de escamas douradas
que engole os homens por demais ambiciosos e desrespeitosos da peixarada. O já empoeirado
ministro considerou que isso era uma indireta contra ele e estrondou de volta
ao trem. [O movimento ecologista tem recuperado esse episódio e o próprio Khalimaat como exemplo de luta pela
natureza].
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