sábado, 13 de julho de 2013

13 de julho

O simples rejeitado

O Da absoluta simplicidade do Reino de Amhitar adentrou [talvez lamentavelmente] o imaginário nacional. Escreveu-o o cronista Abdul Al-Wazahari em uma série de tratados começados por Do ou De [e o fato de tal sequência incluir títulos como De como encher o estômago dos convidados com bobagens quando se tem pouca comida ou De como puxar tranças de cabelos quando se é criança (considerados não sérios) pouco tem feito pela sua aceitação nos eruditos meios nos quais circula].

O tratado principia por imaginar o país como um terreno plano [no qual imperam a falta de imaginação e a monotonia (diz o autor em trecho particularmente odiado)]. Afirma que Alá ou a natureza [a dúvida pertence ao próprio Abdul] resolveram por lei ou pelo ócio preencher o vazio com uns [poucos] cursos d´água, meia dúzia de montanhas [nada que se compare à beleza do Pamir ou do Himalaia – afirma o quase ranzinza autor] e principalmente, com um povo.

A Terra [e aqui se encontra a parte cruciante da obra] por gerar os habitantes, os fez à sua semelhança: as mentes rasas como o solo, os corpos retorcidos como as pedras, eis aí o nosso povo – e com tal frase não isenta de dramaticidade barata Abdul fecha o livro. Lembrado pelo resto de sua obra, o autor é compreensivelmente esquecido por esta. Sua presença na lista de festas nacionais se deve a decisão [não isenta de orgulho] do Comitê Central em 1961 que lhe assinalou o dia de hoje, afirmando que O país é maior que as críticas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário