A Culinária amhitariana nasceu
[oficialmente e de maneira um tanto suspeita] de duas formas independentes que [presumivelmente por coincidência]
aconteceram no mesmo ano e dia, 1907 a 2 de maio [em dois bazares lado-a-lado
em Shkmarkhant] quando Miss Shahnoza
Fehruz e a Célula Anarquista Abaixo os Deuses!
lançaram cada um seus livros, ambos com o título Relato Verdadeiro da Mesa Amhitariana e as semelhanças param por aí.
Shahnoza [estonteante de morenice aos vinte e dois] e [dizem] amante de um
oficial russo [e que nada tinha da senhora de meia-idade típica dos livros de
receita] derramou no compêndio gafanhotos
assados, rãs vermelhas ao molho de
iaque e caranguejos de cinco patas
grelhados com lacraias torradas típicos [segundo ela] do de-comer dos
antigos.
Exotismo para alienados! – diziam os anarquistas. Seu livro
começava decepcionantemente com 17 páginas em branco [homenagem à fome do povo, que nada come - diziam eles (embora tais
boas intenções tenham sido criticadas como falta de assunto)]. Seguiam-se
receitas tão monótonas que pareciam uma
acolhida ao suicídio em massa – dizia Shahnoza.
O debate refletia a política – aqueles
que queriam a conciliação com o domínio russo elegeram a garota como sua
favorita, enquanto os radicais favoreciam qualquer radicalismo, desde que contrário
ao Czar. Folhetins tentaram atribuir a discordância ao amor frustrado de um
anarquista pela morena mas as coisas não são sempre tão românticas.
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