quinta-feira, 2 de maio de 2013

02 de Maio

Comeres discordantes


A Culinária amhitariana nasceu [oficialmente e de maneira um tanto suspeita] de duas formas independentes              que [presumivelmente por coincidência] aconteceram no mesmo ano e dia, 1907 a 2 de maio [em dois bazares lado-a-lado em Shkmarkhant] quando Miss Shahnoza Fehruz e a Célula Anarquista Abaixo os Deuses! lançaram cada um seus livros, ambos com o título Relato Verdadeiro da Mesa Amhitariana e as semelhanças param por aí. Shahnoza [estonteante de morenice aos vinte e dois] e [dizem] amante de um oficial russo [e que nada tinha da senhora de meia-idade típica dos livros de receita] derramou no compêndio gafanhotos assados, rãs vermelhas ao molho de iaque e caranguejos de cinco patas grelhados com lacraias torradas típicos [segundo ela] do de-comer dos antigos.

Exotismo para alienados! – diziam os anarquistas. Seu livro começava decepcionantemente com 17 páginas em branco [homenagem à fome do povo, que nada come - diziam eles (embora tais boas intenções tenham sido criticadas como falta de assunto)]. Seguiam-se receitas tão monótonas que pareciam uma acolhida ao suicídio em massa – dizia Shahnoza.

O debate refletia a política – aqueles que queriam a conciliação com o domínio russo elegeram a garota como sua favorita, enquanto os radicais favoreciam qualquer radicalismo, desde que contrário ao Czar. Folhetins tentaram atribuir a discordância ao amor frustrado de um anarquista pela morena mas as coisas não são sempre tão românticas.

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