domingo, 12 de maio de 2013

12 de Maio


Formas de escolher governantes
Ruthinna olhos negros e cabelos idem na cintura [princesa filha do falecido Sherif amhitariano em princípios de 1715] veio a público no dia de hoje para defender o método de defesa do novo governante. Começou por analisar os existentes. Escolher um chefe por habilidades na guerra era estúpido disse ela, pois a força era apenas um acidente que decorre da fraqueza dos outros. A sucessão por hereditariedade não tinha sentido, pois tanto os tolos como os sábios têm filhos e a sabedoria não se transmite pela carne. Pedir indicação aos sacerdotes seria ainda pior, pois a dura experiência ensina que os homens de deus são muitas vezes os piores.
Restava o método tradicional: sem tremer um lábio [e sua seriedade a sufocar risos] fez cair o casaco e [vestindo apenas um perfume de cânfora] sentou-se ao trono [que era o corpo do candidato]. O teste era simples e eficaz e se baseava no número sagrado 7: o candidato que primeiro erguesse eficazmente sua coragem masculina 7 vezes seria o novo Sherif. Quanto aos candidatos falhantes, o cutelo do carrasco e o Reino de Alá os esperavam [inevitavelmente os candidatos eram poucos].
Ninguém fazia fé no jovem carreteiro Sherzod Mlavaz até que sua coragem se tornou líquida pela sétima vez. Ele e Ruthinna reinaram por 33 anos e [ao que se sabe] com justiça. Depois deles tal método foi considerado bárbaro e retornou-se ao costume de sucessão familiar, com o rotineiro envenenamento dos pretendentes pelos tios.

Nenhum comentário:

Postar um comentário