sexta-feira, 24 de maio de 2013

24 de Maio

A séria nudez


No dia 24 de maio de 1923 Juju Shilmora [mostrando ousadia da qual um par de segundos antes não se sentiria capaz] desfez o laço da falsa cintura. O négligée cinza se amontoou aos seus pés e a partir de então só o flash da filmagem cobriu sua nudez de vinte e um anos cabelos na cintura e olhos negros – entrou para a história como uma das únicas sete garotas que posaram nuas em Amhitar até 1990. A estatística [de confiabilidade sofrível] se deve ao atual Círculo Pudico-Moralista de Amhitar.

Certo relatório da Seccional do Turquestão afirmou então que as moças do país se marcavam pela timidez quanto a certos assuntos – e o país pela baixa natalidade. As trêmulas mãos de Lênin garrancharam ordem para um filme de propaganda nas escolas femininas.

O filme consistia só em uma voz em off exaltando o potencial da mulher para a revolução, o trabalho e também para certos rituais a dois que não deixam de trazer satisfação desde que subordinados aos propósitos do proletariado - enquanto a câmera rodeava por onze vezes o corpo [perfeito, segundo extáticas testemunhas] da jovem. Olhando firme a câmera [com quase orgulho] Juju encerrou levantando o braço [e balançando leves os seios morenos] e gritando Viva a Revolução!

Em janeiro do ano seguinte o resultado foi mostrado a Lênin. A versão de que foi isso que causou o derrame que o matou, embora apócrifa, não deixa de acariciar o ego amhitariano.

Nenhum comentário:

Postar um comentário