sexta-feira, 10 de maio de 2013

10 de Maio

Clássicos aborrecimentos


O [relativamente pequeno] interesse pelos imortais da literatura em Amhitar tem sido atribuído [não sem certa injustiça] a um homem só. Akrom Sardor [velhinho, sorriso e pince-nez] publicou hoje em 1871 as suas Confissões de um Mestre-Escola, mais conhecidas pelo subtítulo Yuduurhmar-al-Aksuraathim, geralmente traduzido em línguas ocidentais como As memoráveis obras não são por demais interessantes. Uma tradução menos cavalheiresca porém mais real [dizem] é: Os Clássicos São Um Saco!

Não pede licença: Conhece o leitor aquela passagem na qual Ulisses chega numa ilha, mata todos os homens de lá e divide as mulheres e crianças como escravos entre seus soldados e é louvado por sua justiça?  Esse Homero era um sádico! E o Cícero, e esses advogados romanos chatos! Aprender latim para ler uma xaropada dessas? E aquele Agostinho, moralistão sádico defendendo os crimes de sua igreja? Pior só o tal Santo Tomás, outro cínico. E Aristóteles! Existe alguém que escreva de maneira mais aborrecida? E as tragédias gregas? Antígona abraçada ao cadáver fedentino do irmão, rárá! Que lindo! E o chato carola do Pascal! Um trapo! Este livro, caro leitor, visa a libertá-lo de ler esses sádicos aborrecidos, os clássicos!

Causador de duplos sentimentos, os intelectuais de Amhitar em geral trombeteiam que estava errado o professor [embora alguns doses de vinho os façam confessar que Cícero e os outros são veramente insuportáveis (ou um saco, como diz a tradução)].

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