sexta-feira, 17 de maio de 2013

17 de Maio

Os dois diabos, e o terceiro


Gulnora Utkirbek nada fez de extraordinário [as guerras e livros não integrando seu cardápio] exceto [talvez] seja ele a única pessoa de Amhitar [do mundo?] da qual se diz [com certeza (quase) absoluta] que viu o diabo.

Não um – o diabo de Gulnora consistia em 2, na verdade 3 [sendo o número de 9 quase que certamente apócrifo e a versão de 666 muito fantasiosa para ser levada a sério, além de obviamente ser plágio de certo livro pretensamente sagrado da Palestina].

A imagem do homem seguido por um diabinho e um anjinho que lhe dizem contraditoriedades é por demais gasta mas era o que ele sentia, desde a idade por demais significativa de 7 anos, 7 meses e 7 dias. No entanto [e esta constitui sua originalidade] Gulnora sempre percebeu falso esse embate – como se os conselhos para se entregar a e se poupar dos vícios fossem um embate fictício entre dois vigaristas que no fundo querem vender uma máquina de lavar quebrada.

Quando completou 49 anos e 49 dias [no dia de hoje em 1601] Gulnora caiu em si – não só os dois serzinhos eram falsos – ele mesmo o era. Não era bom nem mau – era alguém que não se encontrava, e que diabos [e anjos] só serviam para retardar o encontro com um terceiro diabinho - ele.

A partir daí as versões se dividem: os dois diabinhos sumiram dissolvidos no enxofre, ou nada aconteceu e Gulnora morreu como todos cinco décadas depois, apenas sabendo quem era. A primeira versão [por mais espetacular] é geralmente a favorita.

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