Das três inscrições encontradas
na sétima [e última] caverna na borda do lago Sarygamysh, Abdullaeva Behruz
traduziu [com rapidez e não sem desprezo] duas delas, na verdade meras obscenidades;
quanto à terceira, ele decidiu ser muito
terrível para sua tradução ser revelada a olhos mortais. [É claro que esse
mistério apenas acrescentou interesse a algumas dúzias de rabiscos entalhados
na pedra].
O maior dos linguistas de Amhitar
morreu em 1798 [1213 da Hégira] com a pouco provável idade de 111 anos [diz a
lenda], e na sua maçaroca de papel escritos em alfabetos que só ele entendia os
pesquisadores [e caça-tesouros] buscaram a tradução, a qual [descoberta hoje em
1831] se revelou uma tanto enigmática quanto decepcionante frase
Não culparei ninguém por uma ilusão que é só minha
e que gerou uma polêmica de
décadas. Disseram uns que era uma advertência de seitas mágicas que usavam
drogas para provocar alucinações; outros, que era um aviso [talvez demasiado
poético] que caravaneiros escreviam uns aos outros sobre as miragens do deserto.
Décadas depois a poetisa
adolescente Iroshka Maruf em seu pequeno livro de sonetos O Dicionário das Delicadezas escreveu que tal frase seria apenas o
desabafo de um jovem por seu amor não correspondido. Quanto à advertência do
vetusto Abdullaeva, a poetisa disse que ele estava certo, o amor é mesmo algo terrível - escreveu em um admirável soneto. Talvez
por sua simplicidade foi essa versão que ficou para o povo.
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