sexta-feira, 1 de março de 2013

1 de Março

Os Dois desertos e a única floresta


Abdul Al-Wazahari bradou na décima-sétima [e a segunda mais estranha] de suas Crônicas que no dia de hoje [15 de Muharram da Hégira] três homens tiveram ao mesmo tempo três sonhos cada. [O fato de nenhum dos três lembrar nada dos dois primeiros sonhos e do cronista não registrar o ano em que tal acontecimento se deu em nada aumenta a credibilidade de sua história.] No terceiro dos sonhos, um Fhiurzzim [equivalente ao gênio das Arábias] mostrava sucessivamente um descampado com alguns pedregulhos; um capinzal com arbustos que não passavam de um palmo; e uma selva tão  fechada que os povos que viviam no chão não tinham nenhuma ´tradução para a frase “luz do sol”, pois não a conheciam.

[Como costuma acontece em tais sonhos] uma voz se ergueu – disse que Amhitar fora e seria todas essas fases – e cabia aos homens descobrir quando e em qual ordem – e então cada um dos homens acordou.

Tal relato teria ficado como um delírio do grande cronista se seis séculos depois Ramsheed-Barumi-N´gaar, um francês batizado de Augustin de Saint-Hilaire, não a tivesse levado surpreendentemente a sério. Durante duzentos dias [e levado por sua energia juvenil] teria cavoucado o solo do Amur-Daria atrás de fósseis de grandes árvores. Não as encontrando, interpretou as crônicas ao reverso e concluiu que a floresta se situava exatamente do outro lado do mundo, e foi buscá-la. Dizem que a encontrou, embora tal afirmação não seja incontroversa.

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