Os 99 desertos de Amhitar não
seriam na verdade 99. [O geógrafo soviético materialista Serguei Mikhailovitch
Kovinev considerou que este número era uma insuportável analogia com os 99 nomes
de Deus na tradição do Islã e propôs – baseado em tolas curvas barométricas –
que seriam apenas quatro. Tal proposta – em parte por sua assustadora banalidade
– não deixou de cair no esquecimento.]
Esta pode ser considerada a
segunda mais acirrada discordância numérica na historiografia de Amhitar [sendo
a primeira o número de concubinas do Sultão Mahmoud Al-Halim]. Já mencionado em
sete relatos anteriores, o número de 99 estabeleceu-se com o texto atribuído
[segundo alguns falsamente] ao andarilho Dasha Ulugbek no século XII [calendário
herético], o qual a tradição diz que foi publicado hoje.
No terceiro rolo Dasha afirma que
depois de 499 dias de caminhada e de subir 333 platôs o explorador deparava com
...uma planura que esmaga a alma, mais ainda, que a rouba – mais que
uma planura, são 99 delas – sem pássaros nem paz nem pão.
Tal descrição, mais poética que
geográfica, não deixou de ocasionar uma nota [anônima] no Almanaque da Nossa Pátria, edição de 1900, segundo a qual Dasha se referia
à solidão do Homem que não resolveu seus conflitos. Tal explicação, assim como
a de Kovinev, também foi logo esquecida, possivelmente também por sua
banalidade, embora diversa. A Sociedade Psicanalítica do Uzbequistão procura
recuperá-la, com sucesso limitado.
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