quarta-feira, 6 de março de 2013

06 de Março

O caminho em fragmentos


O poeta Jakhongir do século XII ou XIII dos hereges narrou sobre antigo caminho que ligava os dois rios Daria. As oito partes [ou estrofes agigantadas] do poema revelam que um Xamã atribuiu a espíritos a ordem de amaciar a passagem dos camelos [a Enciclopédia das Massas Trabalhadoras diz que o ardiloso Xamã pensava em comércio, mas como a noção de economia ainda não nascera precisou criar lendas – uma noção hoje fortemente combatida]. Para não desanimar os trabalhadores com o esforço dividiu a estrada em pedaços. Cada pedaço ao ser terminado motivava festas. Depois os homens iam para longe e concluíam outro.

Resultou uma estrada de oito partes desconectadas [portanto inúteis], que as invasões dos bárbaros da Horda de Ouro se encarregaram de submergir com areia e esqueletos. A falta de documentação não permite afirmar se foi a inutilidade do trabalho que motivou o assassinato do Xamã com um suco de pêssegos supostamente envenenado.

A escola romântica de história levantou na data de hoje em 1893 a curiosa hipótese de que a estrada não existiu – seria uma [para eles] bela epopeia, confirmada pela pouco provável coincidência entre partes concluídas e estrofes sobreviventes [oito]. A Enciclopédia das Massas Trabalhadoras compreensivelmente condena tal noção, e aponta 666 tijolos encontrados à beira da ferrovia de Shalkar como prova da existência do antigo caminho – advertindo no entanto contra qualquer explicação religiosa desse número.

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