sábado, 9 de março de 2013

09 de Março

Os homens do espaço


A última e talvez mais tonitruada aparição pública do antropólogo Dr. Ilhom Aziza o Homem Urso – já que nos muitos anos em que vivera no Deserto Norte os pelos lhe tinham crescido como selva - se deu nos últimos sete dias de sua vida [no espaço conhecido] durante a chamada controvérsia de Shamanay.

Por cinco vezes a cidade com esse nome reconstruiu seus muros – e por cinco séculos os estudiosos cavoucaram as margens do Amur e do Syr-Daria em sua busca. Outra subcorrente afirmava que as destruições e construções não passaram de 3, outra que o número era de 99, e outra inevitavelmente afirmava que nunca existiu uma cidade com esse nome, mas apenas uma aldeiazinha de bloquinhos de barro para o filho do Vizir brincar.

Ilhom Aziza levantou-se em palestra no dia de hoje.  As tribos do Norte [disse] não têm noção de tempo mas de espaço. Não é que as coisas deixem de acontecer, mas elas se deslocam. Teu avô não está morto – disse ele –apenas mora em outro lugar, e tu é que não o amas, senão o procurarias. Assim, a cidade, se existiu, foi apenas uma. As outras quatro [ou mais] seriam apenas outra forma de relatar a fundação das demais cidades de Amhitar.

Três sodalícios rejeitaram tal explicação por sua falta de charme. Um estilhaço de bala russo – o general von Kaufmann  já cercava a cidade - levou o Dr. Ihom para o Norte celestial. No seu invencível otimismo deixou um bilhete – não morri, apenas me desloquei.

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