sexta-feira, 8 de março de 2013

08 de Março

Viajantes do tempo


Raeka não tinha esse nome [ou provavelmente o tinha, sendo um do número indefinido de suas reaparições] e teria passado em branco na história se não a tivesse encontrado hoje em 1911 num beco na cidade maldita de Tashkent a talentosa [e então jovem] professora Sabina Shernazar [a qual já escrevera em jornal que A mulher é quase igual ao homem, o que então marcava ousadia em excesso].

Raeka aparentava nove anos, talvez dez. Sabina deu-lhe café, três bolinhos e duas fitas para o cabelo e já tinha decidido adotar a garota de cabelos quase-claros quando esta lhe contou que viera do século III, da cidade de Antioquia. Tomou mais um faminto gole e disse que antes, viera das margens do Lago Tanganika, em 1888. E anteriormente, da Palestina, pouco depois daquele rabino judeu ser executado, o tal Jesus Cristo.

Os olhos da professora grelavam enquanto a garota revelava um grupo de Viajantes, gente que é transportada no tempo sem nenhum controle. Sem saber se brincava, Sabina falou Deve ser maravilhoso viajar no tempo. A menina: É terrível. Sempre existi, não sei de onde vim nem se vou estar aqui em um minuto.

No próximo minuto ainda estava lá mas em três meses a professora, quando se voltou, a garota sumira. Sabina escreveu um opúsculo A Confraria dos Viajantes do Tempo. Tal obra gerou falatório quando quatro anos depois a própria Sabina sumiu, presumivelmente [dizem os amantes de mistérios] para encontrar a filha adotiva, sabe Deus quando.

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