Raeka não tinha esse nome [ou
provavelmente o tinha, sendo um do número indefinido de suas reaparições] e
teria passado em branco na história se não a tivesse encontrado hoje em 1911 num
beco na cidade maldita de Tashkent a talentosa [e então jovem] professora Sabina
Shernazar [a qual já escrevera em jornal que A mulher é quase igual ao homem, o que então marcava ousadia em
excesso].
Raeka aparentava nove anos, talvez
dez. Sabina deu-lhe café, três bolinhos e duas fitas para o cabelo e já tinha
decidido adotar a garota de cabelos quase-claros quando esta lhe contou que
viera do século III, da cidade de Antioquia. Tomou mais um faminto gole e disse
que antes, viera das margens do Lago Tanganika, em 1888. E anteriormente, da Palestina,
pouco depois daquele rabino judeu ser executado, o tal Jesus Cristo.
Os olhos da professora grelavam
enquanto a garota revelava um grupo de Viajantes,
gente que é transportada no tempo sem nenhum controle. Sem saber se brincava,
Sabina falou Deve ser maravilhoso viajar
no tempo. A menina: É terrível. Sempre existi, não sei de onde vim nem se
vou estar aqui em um minuto.
No próximo minuto ainda estava lá
mas em três meses a professora, quando se voltou, a garota sumira. Sabina
escreveu um opúsculo A Confraria dos
Viajantes do Tempo. Tal obra gerou falatório quando quatro anos depois a própria
Sabina sumiu, presumivelmente [dizem os amantes de mistérios] para encontrar a
filha adotiva, sabe Deus quando.
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