Sioran Munisa [se detetive for
considerado] é obviamente o pioneiro – no século XV Sherlock Holmes não sonhava
em existir. Em 11 do mês Dhu'l-Qa'dah da
Hégira [7 de março dos hereges] pregou placa dizendo-se o Achador. [Em Shmharkhmant a Rota da Seda cruzava com o Itinerário
das Pepitas e a população metadeava de prostitutas e profissionais do contrabando,
com um restinho de gente decente].
Sua história [guardada em dois
relatórios do sub-Grão-Vizir, um deles quase intacto] provocaria hoje bocejos: a
beleza estonteante morena de uma esposa de receptador de safiras o procurou –
seu marido desaparecera. Ela, pobre garota, queria achar o gordo rico velho chato.
Humphrey Bogart nunca
escorregaria nessa [afirma não sem sarcasmo a Revista de Cinema de Amhitar em artigo sem indicação de autor em 1952]
mas Sioran não tinha exemplos anteriores para guiá-lo. Sofreu três
espancamentos, uma rasteira num abismo e dois quase afogamentos no rio Syr-Daria
antes de descobrir que a fonte de todos os afagos era a cliente – que queria que
o detetive a livrasse do marido [e depois ela se livraria do primeiro].
Sioran resolveu o caso. A partir
daí em outros achamentos entre dois
tragos de cachimbo repetia sempre que Nenhuma
mulher tem o valor de uma verdadeira amizade. A Revista [talvez por ser financiada pelo Comitê Central do Partido] apressa-se
em esclarecer que, Apesar disso, o protodetetive Sioran permanece como um símbolo
da masculinidade da Nossa Eterna Pátria.
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